Entrar no cinema é fácil, assistir a um filme também é fácil. Fazer um filme é difícil, entender um filme também é difícil. Logo, entrar em um filme é difícil, assistir a um filme também é difícil.
Partindo dessa premissa, todo processo que envolve a produção audiovisual deve ser encarado como um percurso que exige envolvimento de todas as partes. Viabilizar um plano, e posteriormente desenvolvê-lo deve estar como meta na cabeça do produtor, que vai pensar em todos os detalhes, desde o roteiro até a sinapse causada no cérebro de espectador, para que este se sinta envolvido pelo produto final.
O trabalho é reflexo quem o produz. Fazer cinema é fazer um filme. E pode começar assim: “ Era uma vez um grupo que decidiu apostar em uma ideia, porém essas se divergiam e eles acabaram abandonando o projeto, assim quem sobrou ficou com o trabalho nas mãos. Fim.” Isto parece mais um argumento mal feito, de um produtor preguiçoso. Mas a história pode ser de outro jeito, vejamos...
“Era uma vez duas meninas, que resolveram estudar a Nouvelle Vague. ‘Porque as pessoas não gostam de Godard, Truffaut, Glauber Rocha?, elas se perguntavam. Mas os filmes amenizavam qualquer exclamação do tipo de “Godard é chato”, “ Que lindo, esse filme maravilhoso que temos que fazer”, sem problemas, cada um com seu movimento. E assim começa a batalha, corre aqui e ali para achar um filme fácil de ser executado, ou um fragmento dele, o que parece ser impossível, hey, mas espere, aquela cena dá para fazer perfeito! Vamos lá. Figurino, cenário, atores, câmera, dia, disponibilidade, corre, corre, que dá tempo, de editar, de mostrar. O processo é o seguinte, você vai lá e grava.#prontofalei
::CORTA::
Não é bem assim né?
Na verdade, primeiro de tudo tem que ter um roteiro, bem estruturado, e isso você não faz de um dia para outro. Tudo tem de estar bem definido, para que o filme comece bem. E continue bem. Alguns imprevistos sempre ocorrem, mas o que seria de uma produção sem uma desavença entre as partes envolvidas? Ou você acha que o Jack ( Leonardo DiCaprio) e a Rose ( Kate Wilest) não se estranharam? O roteiro se constitui em peça fundamental para a produção de um filme, assim como a decupagem que deve ser feita antes de o filme começar a ser gravado, pois é a partir desse passo que começam a se definirem os locais, e proporcionar uma visualização de espaço de cena.
Depois de feito esse estudo minucioso das cenas é preciso começar a ver a viabilização do projeto, atores, aluguel, trajes, maquiagem, ensaios. Definidos esses detalhes, parte-se para a adaptação, por parte do ator, ao roteiro. O mais fácil aqui seria reunir os envolvidos e falar a proposta. Sim, aceito. Ótimo, vamos começar. Pensar na produção como um todo tira umas horas de sono, pois o resultado deve ser totalmente satisfatório.
Dia /ext/ quarto de José
Começam as gravações. Peguem os roteiros, câmeras a postos, bomm?Ligado. Vamos começar. A fita!! ( Talvez aqui ela seja comparada às mães, sem elas não vivemos).
Cena 564
Câmeras a postos, atores (ok?Querem uma água?), boom, fita, tripé, ninguém na cena, cenário, luz, ação. Erra uma vez, ok, erra 2, ok, erra 3 “ Meu vê se acerta, cara, você trabalha com isso, não faz nada da vida não::”.
Todo cuidado é pouco, mas vazou o nosso reflexo na televisão, “que droga, e agora?”. Isso só é percebido na EDIÇÃO, passo que requer atenção, concentração, concatenação, fusão, indagação, perfeição. É o reflexo que vaza, o assistente que aparece, o boom que não pega, a fita que enrosca, a lente suja, o tripé que não se acerta, o papel que aparece na cena, a mão que se intromete, o carro do sonho que passa, um desavisado que não vê a câmera. É tanta coisa que nem os diretores de Hollywood percebem.
Essa parte é como um quebra cabeças, as peças uma hora ou outra se juntam, e se vê nitidamente todo o esforço da produtora em realizar o sonho, digo o filme.
“Ao infinito e além!”
Buzz Lightyear